A greve dos funcionários da Cedae não irá provocar falta d'água na cidade, como afirma uma mensagem de áudio que tem sido compartilhada no aplicativo Whats'App. É o que garante Humberto Lemos, presidente do sindicato da categoria, o Sintsama-RJ (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro). Aprovada em assembleia, a paralisação vai respeitar a Lei de Greve, que exige que 30% dos 5.650 funcionários da empresa continuem operando o sistema.
— Não procede essa informação que anda circulando. A população não vai sofrer com a nossa greve, até porque acreditamos que temos o apoio da sociedade, que não quer vender a Cedae sem ser ouvida, sem uma única audiência pública — afirma Lemos, engenheiro civil e funcionário da empresa pública há 30 anos.
Ele afirma que todos os distritos terão funcionários de plantão. E que o atendimento a hospitais, presídios e escolas será prioritário.
— Não há nenhum risco à população, é uma garantia nossa. Todos os serviços serão feitos, Guandu continuará funcionando normalmente, haverá equipes de plantão em todos os setores. Os funcionários que vão parar são, essencialmente, de setores administrativos. Com a redução de funcionários, o que será prejudicado são pequenos reparos e vazamentos de pequenas proporções. Mas se houver um grande, é claro que será atendido.
Ontem, na praia de Copacabana, funcionários da empresa protestaram contra a privatização da empresa, que servirá como garantia para a aprovação de ajuda financeira ao Rio pela União. Eles marcharam aos gritos de "Cedae unida jamais será vencida".
— O que estão fazendo com a Cedae é uma mentira. Vendê-la não vai resolver o problema do estado. Não tem cabimento o governo federal atrelar o empréstimo à venda de uma empresa. Querem que a gente engula que a venda da Cedae, feita por um governo desacreditado e envolto em corrupção, vai salvar a lavoura. Defendo que a sociedade seja ouvida, que haja um plebiscito, mas não querem nem fazer audiência pública — argumenta o engenheiro civil.
A venda da Cedae foi acordada entre os governos estadual e federal, que só aceita postergar o pagamento da dívida estadual com a União em três anos se a empresa for vendida. Segundo o secretário estadual de Fazenda, Gustavo Barbosa, a venda da empresa é "condição vital para o acordo", que, segundo ele, pode adiar o pagamento de até R$ 26 bilhões.
O sindicato argumenta que, apesar disso, a dívida continuará existindo. "Já o estado", afirma o presidente do sindicato, "perderá para sempre a empresa pública que mais investe em saneamento básico no Brasil, e que teve lucro de R$ 380 milhões em 2016". O governo considera que o valor da Cedae gire em torno de R$ 3,5 bilhões.
Amanhã, haverá mais um grande protesto contra o pacote de ajuste fiscal proposto pelo executivo na porta da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Mas a venda da Cedae só deve entrar em votação na quinta-feira, com as emendas parlamentares. Os funcionários da empresa prometem acampar na frente da Alerj a partir das 10h.
3
0 comentários:
Postar um comentário